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segunda-feira, 30 de setembro de 2013



Caro Henrique
Desta feita não consigo ver a coisa sob o teu ângulo . A experiência de muitos anos diz-me que a ideologia é perigosa. Tem sido a principal arma de que os ditadores lançam mão para obterem obediência (a que eles chamam coesão). O problema é que, para tal, a ideologia tem que ser rígida. Mas a realidade não é rígida, é fluída. E quando a ideologia começa a não se adaptar à realidade, torna-se delirante, histérica e degenera rapidamente em loucura cruel. Exemplos: - Inquisição na Idade Moderna, campos de extermínio de judeus em 1943/5, etc., etc. .
Teu tio e meu ex-sogro - o Branquinho, como lhe chamavam - dizia-me "Continue assim: - mantenha o espírito aberto, observe, analise e faça os seus juízos próprios". Tinha razão: a ideologia entorpece o espírito, tanto ou mais do que a "ordem unida" inventada pelos oficiais prussianos para converter humanos em feras adestradas.
Eu sei que a ideologia pode ajudar uma comunidade a resistir quando sob ameaça. Moisés também sabia. Mas, só por si, a ideologia não acaba com a ameaça e se acabasse, a ideologia morria. Moisés também sabia disso. A ideologia - no caso religiosa - manteve-se porque a comunidade em causa decidiu perpetuar o desafio externo.
Abraço
Luís Soares de Oliveira 

mail do meu pai ao meu primo Henrique Salles da Fonseca