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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Realização e sucesso

Realização e sucesso

O caminho da realização e do sucesso correm lado a lado, mas em muitos dos casos nunca se encontram.
O sucesso vem do reconhecimento de outros do trabalho que a pessoa produz. Acredito que existam dois tipos de sucesso, aquele que nasce da exposição publica que parece ser o suficiente para o reconhecimento de outros e para se ter uma falsa ideia interior de sucesso apenas suportada pela imagem de um ser e não pelo seu intrínseco  valor, e a outra que nasce da consequência de algo criado genuinamente por alguém e que vem a ser reconhecido e apreciado (sim, por que sucesso é apreciação) por outros.
Normalmente vejo o sucesso como uma necessidade de nos grupos se criarem figuras de relevo e para admiração.
A diferença me parece obvia do valor e da convertibilidade de uma fama que vive só de imagem e outra daquilo que se realizou. 
Aquele que se alimenta da Fama de sua imagem, é aquele que também por norma corre atrás da fama como seu grande objectivo e inequivocamente depois de a conseguir, há de a perder, pois modas mudam, beleza esvai-se, e ou se está sempre em exposição ou o esquecimento publico é brutal. Parece me muito frágil, como um castelo de cartas, tão delicado, vago, fútil, capaz de cair ao primeiro sopro.
A Fama que não se alimenta de imagem e sim de conteúdo, ultrapassa tempos e modas, talvez com menor retorno que a da Imagem, mas com mais veracidade para suportar a personalidade de quem a carrega.
Normalmente, sucesso autentico acaba por vir para aqueles que se dedicam de alma genuinamente ao que gostam, pela sua dedicação a uma causa e se juntar um mínimo de talento á paixão, o reconhecimento há de vir, agora se um viver obcecado com o sucesso como meta final, dificilmente ele chegará e se chegar, irá sempre se sentir como alienígena e não natural.
E se nos encontrarmos um dia na situação em que achamos que não conseguimos ter paixão ou dedicação por algo, como acredito que todos nós questionamos isso varias vezes, o melhor é forçar um caminho por aquilo que minimamente nos satisfaz e que esse caminho vai fazer crescer em nós o desejo de dedicação a uma causa externa a nós, maior que nós, que a meu ver á a única forma de se chegar a algum tipo de realização, uma construção onde outros também beneficiem.

Voltando á figura de quem se deslumbra com o sucesso de sua imagem, parece me a mim, que quem entra por ai acaba canibalizando se, consumido no seu próprio Ego e se perdendo num labirinto interno que só a ele faz sentido. Isso destrói, o outro constrói.


Cascais 04. Janeiro. 2019