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quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Satisfeito e frustrado

Tudo em que agimos, nos retorna emocionalmente em doses de frustração e satisfação.
Neste nosso caminho, por mais paixão que possamos criar e que justifique a nossa dedicação a uma causa, ideia ou pessoa, havemos de vir a ser confrontados constantemente com essas duas emoções. Quanto à frustração esse sentimento pode ser o motor da mudança e superação como pode ser da destruição. Já a satisfação, tão prazerosa que ela é, pode também ter a nefasta função terminal, como algo a que se chega, termina.
Essa dualidade é a meu ver a dinâmica, a combustão da nossa existência, e sua conjunção uma das razões da nossa consciência.
Essas duas emoções nada mais são do que sensações totalmente criadas por nós próprios,  pois temos dentro de nós um objectivo de chegar a algum lado, uma ideia do que deve ser a construção de algo em que nos envolvemos, uma ideia nossa que queremos compreendida, um desejo que queremos realizado, etc.
Satisfação é o que há de melhor, é lá chegar.
Frustração não.
É não chegar ao fim ou ter de contornar para lá chegar. 
É acreditar em algo que não é aplicável
É um desapontamento, uma decepção. 
É não conseguir fazer o que a nossa mente quer fazer.
É não ser aceite.
E acima de tudo, é não conseguir dar o passo que falta.
E todos os dias temos de lidar com novas frustrações, mínimas e máximas, ou as mesmas, que teimamos em não conseguir resolver. E no caso das satisfações, todos os dias vem também em doses, grandes e pequenas, muitas vezes sem tomarmos consciência e na sua maioria automaticamente, outras de forma consciente por vitórias em objectivos por nós estabelecidos.
A satisfação é o máximo a que o homem se propõe. Aquilo que mais retorno nos dá. Pode vir em forma de Ego ou de Altruísmo, ou dos dois em combinação, mas vem. Muitas vezes vem como disfarce de coisa positiva quando no fundo nos é nefasto, servindo só um desejo por nós criado com o solo intuito, de afagar o Ego, uma satisfação de cobro negativo.
Atenção à fácil alienação e à criação de falsas satisfações.
Atenção ao falso Altruísmo.
Quanto à frustração, o caminho é o da aceitação, pois que ao ter consciência de que algo nos frustra, é ter uma ideia do que queremos e se soubermos, do que nos limita a lá chegar, é estar a trabalhar um estado de maior claridade e de desapego da maioria das nossas emoções, e assim conseguiremos digerir e ultrapassar nossas frustrações.  
Mais virão.
Mas enquanto isso, temos de tentar não encalhar nelas e fazê-las trabalhar em nosso favor. 


Cascais, 26 de Dezembro de 2018