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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Coincidências

Não podia deixar de escrever sobre esta.  Num dia frio deste ultimo dos nossos novembros, tive que ir fazer um trabalho ao Chiado e estacionei o meu carro no subterrâneo do largo Camões.
Ao terminar a correção de cor na Bikini, eram umas 7 da tarde, já de noite, ofereci boleia ao meu amigo Eugênio, e fomos a caminhar até ao largo onde existem duas entradas para o parque. Escolhi aquela que ficava mais cerca do meu veículo. Ao atravessar a praça, e ao passar rente a um dos bancos de pedra, reparei que escondido, por debaixo, encostado a um de seus pés, estava a matricula de um carro, 16-BH-02……o VW da Adriana, Incrível.  Ela tinha por lá passado pelas 11.00 da manha e deixou cair a matricula e alguém colocou ali, meio que escondida, e eu é que fui encontra la na praça mais movimentada do pais, a 30 km de casa.


Novembro 2013

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013


                                    SOPHIA 2013

Ganhei o prêmio Sophia pela fotografia do filme de Vicente Alves do Ó, "Florbela", o primeiro entregue pela novíssima Academia Portuguesa de Cinema. Uma honra.
A importância do prêmio e seu infundável valor. 
Sim, é fútil e fundamental, dar-se um prêmio por um trabalho de criação, neste caso, a fotografia cinematográfica. Levar a competição como se fosse uma corrida, vários filmes onde se vai votar "a melhor" fotografia, "a melhor realização" etc... não podia ser mais descabida. Como avaliar o que é melhor, quando cada trabalho deve ser apropriadamente aplicado a aquele argumento, em conjunção com a orientação visual do director do produtor, do director de arte, e tantos outros. Sim, somos os responsáveis, os maestros dessa orquestra visual, dai o assinarmos. Nós os directores de fotografia somos os autores da criação, sem nunca se olvidar de que se trata de um trabalho feito por um grupo.
Falando daquilo que tenho feito nos últimos 20 anos, fotografia cinematográfica, cada trabalho visual em que participo, onde incluo a iluminação, o trabalho de câmera, as escolhas de enquadramento, lentes, horas, cores, texturas, o trabalho de efeitos especiais e a correção de cor final, são a grande parte do trabalho de um DF, que reparte em boa parte com o realizador, o produtor e outros técnicos específicos a cada área. Dependendo das pessoas com quem faço um filme, por vezes tenho muito mais intervenção e poder de decisão nestes pontos fulcrais da narrativa, e por vezes menos. São diversas as maneiras de cooperar.
O que quero dizer, é que não faço a fotografia sozinho, mas num constante merging de opiniões, vontades, possibilidades e acima de tudo, para servir a história que estamos a contar. Uma boa fotografia é aquela que ajuda a contar a história da melhor maneira possível.  Não sou da escola que diz que a fotografia deve ser o mais natural possível para não roubar a atenção dos actores e da narrativa. Acho que ela deve só servir o filme, e se for para ser neutra e natural que seja, mas se for para criar um visual artificial que transporte a audiência para outra atmosfera, que seja também. No meu entendimento não existe uma regra. Existem personalidades.
Pergunto me então, como se pode por em competição personalidades. Quem pode julgar tal trabalho? Acredito que a grande maioria onde me incluo segue um padrão genuíno de gosto pessoal.
E porque que tem que se escolher entre duas obras, jogar para a arena duas personalidades, dois mundos, e esperar pelo digladiar de ideias e palavras.  Cinema, ou outra qualquer arte, não foi feito para ganhar combates ou corridas. Cada peça tem seu valor.  Claro que algumas fazem realmente a diferença, e são obras muito bem executadas, e como tal, o reconhecimento por isso é próprio da nossa cultura.  Elevar a qualidade, separando assim da mediocridade.
Sim, talentos existem.  Mas não esquecer que nem todos prêmios chegam aos talentosos pois muitos deles não preenchem os requisitos de serem populares ou não são entendidos pela maior parte das opiniões, pois não esquecer que quem premeia, também ele é limitado á sua própria cultura, por mais vasta que for. Mais uma vez, arbitrária a escolha.
Apesar deste texto todo, Eu ganhei um prêmio que acho que tem alguma importância dentro do universo onde círculo e onde ainda quero circular mais alguns largos anos.
A indústria, ou se quisermos chamar, a produção, de cada mercado tem que se auto promover para continuar viva, pois é um meio que custa muito dinheiro, e só pode crescer se fizer público, ou se se fizer notado. É uma indústria que deseja a projecção do seu trabalho, não quer que fique no escuro a ideia e a emoção que se quis produzir, faça ele massas de público e dinheiro ou não. Acredito que se uma sociedade poder pagar, deve haver sempre espaço a essas duas correntes, o cinema que chega ao grande público e o que fale para as minorias. 
Dai a necessidade de se fazer as galas com a premiação, de forma a enaltecer o nosso cinema e a divulga-lo junto do público, e criar estrelas e nomes que tragam gente a ver cinema. É uma jogada comercial onde se passeia o ego disfarçado de talento. Onde se palmeia o reconhecimento pelo trabalho individual em obras de conjunto. 
A noite de premiação é um show case de tal. Faz parte, é inevitável. 
Vocês me desculpem, mas gostei de ganhar o meu Sophiazinho.

Luis, Outubro de 2013